TRAGÉDIA
Diz-me a oliveira que, quando crescer, quer ser uma oliveira.
Desconfio que ouviu os rumores que se espalharam, desconfiando da sua oliveirice (a minha oliveira não se parece, de facto, com uma oliveira, mas A Menina Que Foi Eu E Que Eu Serei garantiu-me que, à altura do registo, a deram como oliveira - brava ou mansa, não se recorda).
De todo o modo, a minha oliveira, a oliveira da eurídice, parece determinada em ser uma oliveira, em crescer oliveira, em ser doce e inquisitória oliveira do quintal da eurídice, do meu quintal.
Voltei para dentro, convicta de que ela sabe, de saber sabido, que estou eu mais assustada que ela com este ser e não ser. Não sabia que ia ter uma oliveira shakespeariana, hamletiana. Terei, porventura, julgado que ia ser a única tragédia literária nesta casa. A ingenuidade tem destas coisas e pasmo-me quando percebo, ao desligar a luz do quintal, que ser oliveira pode ser tão complicado como ser eurídice. E dou por mim a querer ser oliveira, também.
Sunday, November 08, 2009
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