Fui dizer bom dia à oliveira, saber se ainda se tinha no vaso e se estava melhor do ramo esquerdo, o mais pequenino e frágil, onde um melro de proporções épicas decidiu postar-se a debicar-lhe os insectos inquilinos
e dou com isto.
- Quem é este senhor, oliveira?
- É o Artaxerxes. Veio ver o piano e ensinar-nos a tocar. Tens bolachas Maria, daquelas torradas? Diz que gosta muito e levou a noite toda a pedir-me bolachas Maria torradas.
- Passou aqui a noite? Mas de onde veio o senhor Artaxerxes e como soube ele do piano?
- Não sei, não lhe perguntei. Mas tem uma irmã em Marrocos e uma mão maior que a outra. Acho que é a direita que é maior que a esquerda. E o melro não voltou, parece que ele e o Artaxerxes já se conheciam, e abalou para o outro lado do muro.
...
- Bom dia, minha senhora. Vamos ver esse piano?
- Chama-se Teodoro. Venha.
- Quem é este senhor, oliveira?
- É o Artaxerxes. Veio ver o piano e ensinar-nos a tocar. Tens bolachas Maria, daquelas torradas? Diz que gosta muito e levou a noite toda a pedir-me bolachas Maria torradas.
- Passou aqui a noite? Mas de onde veio o senhor Artaxerxes e como soube ele do piano?
- Não sei, não lhe perguntei. Mas tem uma irmã em Marrocos e uma mão maior que a outra. Acho que é a direita que é maior que a esquerda. E o melro não voltou, parece que ele e o Artaxerxes já se conheciam, e abalou para o outro lado do muro.
...
- Bom dia, minha senhora. Vamos ver esse piano?
- Chama-se Teodoro. Venha.
4 comments:
Esta oliveira da eurídice está a precisar, urgentemente, de uma boa agente literária. A sua frescura nas palavras ( mesmo quando não é regada), o seu humor irreverente, e a sua imaginação truculenta pressagiam uma nítida vocação literária que apenas espera que a libertem.
Atenção: estamos em Portugal e, como Camões disse, nesta "apagada e vil tristeza". Por outro lado, os talentos, muitas vezes, são gastos, perdulariamente (Óscar Lopes,Raul Brandão...),em coisas menores ou fragmentárias, por questões de sobrevivência, por alguma indisciplina atávica e lusitana, por inveja e hostilidade dos outros.
(Mas que grande testamento!...)
N'outro registo:
"A oliveira da eurídice, ao Nobel!"
Meu caro amigo APS, uma oliveira corada foi coisa que vi, há coisa de minutos, pela primeira vez na vida. Impagável. E vaidosa que ela ficou.
Quanto ao Nobel, acho prematuro, visto que até há pouco tempo nem sabia do Fernando Assis Pacheco. Está espigadota, sim senhor, mas como disse e muito bem, indisciplina - arriscaria calãzice crónica - e as couves da vizinha de cima (são espanholas, um problema) não problema menor.
De todo o modo, é uma oliveira portuguesa e quem sabe, agora com o Teodoro, não vai a coisa ao sítio.
A ver vamos.
Consta na vizinhança – fonte garantida de boas informações – que o grande desejo do Teodoro é vir a pertencer à Charanga a cavalo da GNR.
Logisticamente parece ser um nadinha complicado mas a Esperança é a última a morrer, assim como a Culpa insiste em não se casar.
Olobobom
Isso são boatos da Dona Paciência, sempre a conspirar...
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