oliveira da eurídice

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Monday, August 23, 2010

O VERÃO NO QUINTAL DA EURÍDICE

Entro no quintal e dou com o Artxerxes muito afoito no meio dos vasos



Plantou nespereiras. Aliás, não as plantou propriamente... Ajeitou os caroços de nêsperas que eu pusera no vaso, a ver se vingava alguma, mas ele diz que se não fosse ele, as desgraçadas nunca teriam sobrevivido. Falou com elas, ajeitou-lhes a terra, arrastou-as para o sol e para a sombra consoante a intensidade do sol e regou-as (como não consegue abrir a água, abanava a oliveira e a laranjeira de maneira a que os pingos retidos nas olhas destas caíssem para o vaso das nespereiras).

Organizou-se com a Clotilde e a Conceição para que os mosquitos não enguiçassem as pequenas e leu-lhes os últimos três livros das Histórias do Heródoto, para as inspirar a grandes feitos. Ou pelo menos a grandes nêsperas, no futuro.

A oliveira da eurídice deixou-lhe As Aventuras do João Sem Medo junto do prato da água e a Aurora está a fazer uma lista de coisas importantes que não pode esquecer-se de lhes ensinar quando elas crescerem.

- E como se chamam? - perguntei, entusiasmada.
- Ainda não têm nome. Enquanto não tiverem um tronco suficientemente forte para aguentar as enxurradas de água que nos mandas uma vez por semana, convencida de que não nos dói nada e de que uma rega por semana é suficiente, não arriscamos a dar-lhes nomes. Este quintal está para as árvores como a idade média para a mortandade infantil.

5 comments:

hmj said...

Vou seguir o exemplo de enfiar uns caroços na terra.
Logo se verá o resultado.

APS said...

Gostei imenso do texto.
A agricultura é com a Consorte!...

Anonymous said...

Com tanto arvoredo e alguns animais, esse quintal, se tivesse um alguidar com água e dois patos, até se podia confundir com o Jardim da Estrela.

olobobom

oliveira da eurídice said...

às vezes atá cá aparece um lobo... Felizmente, é só de vez em quando.
Não sei, na verdade, se o jardim da Estrela tem fauna e flora tão ricas quanto o meu quintal, mas a Violeta morou lá durante uns tempos (durante o episódio do sapo que caiu no quintal, há uns anos) e diz que não se estava lá assim tão bem. Muita miudagem, muito barulho.

oliveira da eurídice said...

Sophia, madrinha és! Espero que com orgulho. logo se verá daqui a um ano ou dois, se elas não enguiçarem pelo caminho. Inês Pereira será a do vaso de barro.
Gostei tanto.